10 agosto, 2004

Carta

Tenho demasiado sono para alimentar crenças. Das casas vou preferindo os cantos interiores, obsessivas sombras em que vou julgando. Se me acerco das janelas é apenas para ver o longe, as ténues linhas do azul inatingível. As portas, fechadas ou abertas, pouco valem. Desfaleceram com o desencanto dos caminhos. Vou ficando pela distracção de desejos mansos, sem guradar réstia de glória nem consolo. Assim, dou feriado à minha existência.
(...)

Mia Couto, in Raiz de Orvalho

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